
A mulher laranja e a planta
2023
óleo sobre tela
60 x 60 cm
Por Oscar D’Ambrosio
Existe uma estética do silêncio que caracteriza a imagem. A mulher sem rosto perde a sua individualidade e se mescla a tudo o que a rodeia, mas isso não a desumaniza. Por meio da maneira como as tonalidades das cores são articuladas, pelo gesto preciso da pincelada e pela composição das imagens no espaço pictórico, há um diálogo entre porta, janela, pessoa e planta que instaura equilíbrios e desequilíbrios que tornam o trabalho uma reflexão sobre a poética do vazio existencial contemporâneo. Nesse contexto, entende-se o silêncio como uma não falar para fora que comunica com o que está mais dentro do artista. O processo torna sentimentos individuais em percepções universais do significado de estar no mundo.

renatodecara
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#studiovisit @robsegura1
No Circuito de Ateliês Abertos da República à Sé, no último sábado (18/03), Roberta Segura apresentou em seu espaço, no Edifício Vera, obras recentes - pinturas que apontam para seu processo, em um desenvolvimento do pensamento. A partir de fotos antigas, a artista observa a figura da mulher nas relações de amizade, afetivas e familiares, propondo ambiguidades na fatura. As cores usadas são resultados de misturas de tintas, formando uma paleta antiga e silenciosa. Entre elas, há testes e sobras que em novos processos e planos guiam as obras em um campo sinestésico, sugerindo novas ambiências. As pinturas de formatos variados, como em um palimpsesto, reescrevem a lembrança fotográfica.